Realizar um sonho é como imprimir um pontinho a mais de brilho na nossa biografia. Eu sempre fui muito inclinada a imaginar situações de alegria e nomeá-las como sonhos, e o sabor dessas realizações são as memórias inapagáveis da minha vida com a Joana. Nunca são sonhos inatingíveis, de longuíssimo prazo e muito menos têm a ver com quantias de dinheiro. A gente vai inventando ideias pelo caminho e as transformando em planos. Foi assim com o balão: fiquei empolgadíssima assim que vi o céu pintado no Festival de Balonismo de Bento e quis experimentar também. A convite da Torrontés Turismo, primeira agência de enoturismo de Garibaldi, vivemos na última semana essa grande aventura ao sabor do vento – que você também pode ter, a propósito.
Saímos do Vale dos Vinhedos antes de amanhecer e, embora o dia tenha sido nublado, foi muito lindo estar nas alturas e ver aquele laranja tímido despontando no horizonte. O voo é tranquilo e só não é mais silencioso porque a cada x minutos (não sei precisar quantos) o piloto aciona a chama que mantém aquecido o ar no interior do balão.
Foi muito lindo ver do alto o Vale dos Vinhedos. Sobrevoamos um tapete de parreirais, algumas vinícolas e potreiros onde, às 6:00, já tinha gente tratando as vacas e tirando leite. Um bocado de moradores nos abanou com chapéu na mão e assustamos algumas galinhas. A Joana achou graça em dois ou três cachorros que arrancaram em corrida seguindo a trajetória do balão. Quando ganhamos mais altura, senti estar no céu e fechei os olhos por um instante – o suficiente pra fazer uma prece bem curta por mais esse momento extraordinário que pudemos experimentar.
Depois de meia hora, o balão começou a descer tranquilamente – tudo parece transcorrer em câmera lenta, diferente da velocidade com que conduzimos nossas vidas nos dias de hoje. Devagar ele perdeu altura e adentramos no jardim de uma casa de pedra belíssima onde não havia ninguém. Sobrevoamos rasinho um parreiral que exalou seu perfume divino e maduro sobre nós. Então passamos rente a um plátano, pudemos tocar em suas folha mais altas e, por fim, pousamos com perfeição à beira de uma estradinha vicinal que havia aos fundos dessa casa. Foi esplêndido.
Esperamos certo tempo pelo resgate que havia nos perdido de vista em determinado ponto e foi assim que pudemos dar ao sonho do balão o status de realizado. O atendimento da Torrontés foi impecável, assim como todo o procedimento conduzido pela Jung Balonismo.
Quanto custa? R$ 600 por pessoa. Muita gente ficou surpresa com o preço quando postei nossa experiência nos stories do Instagram, então acho apropriado descrever a estrutura voluptuosa envolvida num voo de balão: são necessárias pelo menos 3 pessoas da equipe de balonismo que são capacitadas e vêm de outra cidade, já que não temos ainda ninguém em Bento que faça voos comerciais. Envolve também uma caminhonete de grande porte pra carregar o balão e o cesto. O piloto, por sua vez, é alguém com treinamento e Licença para Voo de Balão. E, além de tudo isso, é preciso mais um carro de resgate para buscar os tripulantes onde quer que o balão pouse. No nosso caso, ele pousou cerca de 25km longe do local de saída.
Ou seja: embora seja uma experiência bem tranquila e segura, me parece ser uma operação cara de se operacionalizar. Mas vale cada centavo. Tanto que, embora tenhamos sido presenteadas dessa vez, pretendo muito repetir em breve!